quarta-feira, 17 de julho de 2013

A Contadora de Filmes



A Contadora de Filmes, do chileno Hernán Rivera Letelier,  narra a história de uma família apaixonada pela sétima arte em um romance com um pouco mais de cem páginas. Inspiradora e certeira, a obra poetiza sobre o poder e a necessidade da imaginação e da ficção, em especial na infância, quando a vida te leva a caminhos de dificuldade.

Maria Margarita, a contadora de filmes do título, é também a protagonista e narradora da história. De sua própria história. Aos dez anos de idade, a menina é escolhida por seu pai, entre os demais irmãoes, para assistir e contar ─ em princípio para os familiares, e em seguida para os vizinhos do povoado ─ os filmes que estavam em cartaz no cinema.

O arranjo era necessário. O pai de Maria Margarita, após sofrer um acidente de trabalho, ficara paralítico da cintura para baixo e sobrevivia a duras penas às custas de uma pensão por invalidez; para sustentar os cinco filhos. Com uma família numerosa e uma renda insuficiente, era impossível permitir que todos frequentassem cinema. Portanto, apenas uma pessoa teria a oportunidade de assistir aos filmes, a escolhida, por sua desenvoltura, boa memória e principalmente criatividade, foi Maria Margarita.

Ao longo da narrativa, vamos conhecer as nuances desta família e os caminhos que cada escolha levou os personagens. Como numa história de cinema, Letelier conduz os seus protagonistas a cenas de amor, esperança, desilusão, tristeza e contentamento. O desfecho desta história nos deixa com aquela sensação que somente um espectador de cinema é capaz de sentir quando fecha-se a tela e surge a palavra FIM.

O romance A Contadora de filmes nos arrebata do início ao fim, vale muito a pena a leitura! Prova disso é que Walter Salles, cineasta brasileiro, está adaptando a história para as telas. Parece natural: o enredo está intrinsecamente conectado à sétima arte.

"Uma vez li uma frase ─ com certeza de algum autor famoso ─ que dizia algo assim como a vida está feita da mesma matéria dos sonhos. Eu digo que a vida pode perfeitamente estar feita da mesma matéria dos filmes.
Contar um filme é como contar um sonho.
Contar a vida é como contar um sonho ou como contar um filme."

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Clube das Coisas

O Clube das Coisas surgiu da vontade de uma jornalista em compartilhar um pouco de tudo aquilo é apaixonada: cinema, literatura, música, arte, cultura, viagens, quadrinhos e afins.  

Não tenho a pretensão de ser uma crítica cultural, muito menos de utilizar este blog como um site de notícias sobre determinados assuntos, na realidade, espero que ele seja um lugar aconchegante onde possamos escrever, opinar, ler, discutir ou simplesmente contemplar as coisas fascinantes da vida.
Sejam todos Bem vindos!

sábado, 31 de março de 2012

Alice no País das Maravilhas

Alice no País das Maravilhas

Alice in Wonderland
(EUA, 2010) De Tim Burton. Com Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Crispin Glover e Mia Wasikowska.

Demorou mais chegou. A saga da menina Alice que cresceu e acaba retornando ao mundo que ela vistitou um dia, mas que ficou apenas como um sonho. Todos sabiam que, se algum dia fosse produzida uma versão live-action do clássico livro de Lewis Carroll, o diretor da empreitada teria que ser Tim Burton. É com esse filme que o diretor, já cultuado por outras produções suas, entra definitivamente para o conceito "popular", já que qualquer ser vivente do planeta sabe quem ele é. Após criar vários mundos paralelos ao nosso, Burton recria mais um com maestria, provando porque só ele pode fazer o que ele faz.

O novo filme começa com uma Alice prestes a completar 20 anos e receber um pedido de casamento de um lorde inglês e assim salvar sua família. Porém, ela vive sendo assombrada por um sonho com coelhos de paletó, animais falantes e um mundo totalmente diferente do seu. Quando ela reencontra o coelho, trata de seguir o animal, entrando mais uma vez pelo buraco que a leva de volta ao Mundo Subterrâneo. Dessa vez, Alice foi atraída pelos habitantes de lá, pra que se cumpra uma profecia onde ela retorna e destrona a Rainha Vermelha. Só que pra isso ela tem que não apenas provar para os outros que ela é a mesma menina de antes, mas descobrir ela mesma quem é a Alice de verdade. Para isso, ela conta com a ajuda dos estranhos habitantes, especialmente do paladino Chapeleiro Maluco.

Tim Burton acertou em não contar a mesma história do desenho clássico da Disney, mas deixa alguns fios soltos que não se prendem corretamente. Tudo é muito atropelado e o que poderia ser uma divertida jornada se torna um tanto quanto cansativa. Alice está perdida, confusa, quer crescer, mas não consegue porque ainda é tão imatura e burra - segundo a lagarta -quanto era quando criança. Se o primeiro filme era sobre ser criança, o segundo é sobre crescer e enfrentar seus fantasmas. O problema é Alice ficar perdida no meio de todos os acontecimentos do Mundo Subterrâneo, enquanto o Chapeleiro Maluco e a Rainha Vermelha roubam toda a atenção.

Claro que não podemos esquecer a razão de ser de "Alice", um grande espetáculo visual, cheio de referências a um mundo saudosista de milhões de crianças do passado. Nesse quesito, tudo é perfeito, sombrio e louco, bem ao estilo Tim Burton. Nem precisamos dizer que o destaque da produção é Johnny Depp, que some na tela para dar vida inteiramente ao Chapeleiro. O mesmo se diz de Helena Bonham Carter (Rainha Vermelha) e Anne Hathaway (Rainha Branca), além do meu personagem favorito do filme: o gato!

"Alice no País das Maravilhas" não é tão maluco e psicodélico quanto o original. Este parece mesmo ter sido feito para crianças, enquanto o outro parecia um videoclipe do Pink Floyd. Mas se podemos ter alguma lição com isso é nunca colocar expectativas tão altas, mesmo se tratando de Tim Burton. No entanto, não dê ouvidos às críticas e se deixe levar pela magia do filme. Afinal, "Alice" pode não ser isso tudo que nós esperamos, mas definitivamente o filme tem o seu charme e isso já é coisa demais pra uma produção desse porte no século XXI.

Nota: 7,0