A Contadora de Filmes, do chileno Hernán Rivera Letelier, narra a história de uma família apaixonada pela sétima arte em um romance com um pouco mais de cem páginas. Inspiradora e certeira, a obra poetiza sobre o poder e a necessidade da imaginação e da ficção, em especial na infância, quando a vida te leva a caminhos de dificuldade.
Maria Margarita, a
contadora de filmes do título, é também a protagonista e narradora da história.
De sua própria história. Aos dez anos de idade, a menina é escolhida por seu
pai, entre os demais irmãoes, para assistir e contar ─ em princípio para os
familiares, e em seguida para os vizinhos do povoado ─ os filmes que estavam em
cartaz no cinema.
O arranjo era necessário.
O pai de Maria Margarita, após sofrer um acidente de trabalho, ficara
paralítico da cintura para baixo e sobrevivia a duras penas às custas de uma
pensão por invalidez; para sustentar os cinco filhos. Com uma família numerosa
e uma renda insuficiente, era impossível permitir que todos frequentassem
cinema. Portanto, apenas uma pessoa teria a oportunidade de assistir aos
filmes, a escolhida, por sua desenvoltura, boa memória e principalmente
criatividade, foi Maria Margarita.
Ao longo da narrativa,
vamos conhecer as nuances desta família e os caminhos que cada escolha levou os
personagens. Como numa história de cinema, Letelier conduz os seus
protagonistas a cenas de amor, esperança, desilusão, tristeza e contentamento.
O desfecho desta história nos deixa com aquela sensação que somente um
espectador de cinema é capaz de sentir quando fecha-se a tela e surge a palavra
FIM.
O romance A Contadora de
filmes nos arrebata do início ao fim, vale muito a pena a leitura! Prova disso
é que Walter Salles, cineasta brasileiro, está adaptando a história para as
telas. Parece natural: o enredo está intrinsecamente conectado à sétima arte.
"Uma vez li uma frase ─ com certeza de algum autor famoso ─
que dizia algo assim como a vida está feita da mesma matéria dos sonhos. Eu
digo que a vida pode perfeitamente estar feita da mesma matéria dos filmes.
Contar um filme é como contar um sonho.
Contar a vida é como contar um sonho ou como contar um filme."
Contar um filme é como contar um sonho.
Contar a vida é como contar um sonho ou como contar um filme."